quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

MARKETING 2.0



Os marketeiros correm sério perigo de vida, e aparentemente não estão dando a mínima para o fato. A propósito, "fato" não é com eles, mito sim. Nove a cada dez marketeiros que eu conheço não são mais chamados para participar das reuniões que definem as estratégias gerais da empresa. "Chamar os caras para quê?", "Eles não convivem com os clientes, eles não produzem materiais que valem a pena ser lidos, eles não agregam nada para a estratégia", "Inclusive, se os chamarmos, a reunião levará mais tempo do que o necessário, e não chegaremos a lugar algum".
Apesar de ainda carregar o nome de "departamento de mercado (marketing)", ter verbas exclusivas, fornecedores dedicados e "headcount", os marketeiros não são mais vistos pelos colegas como cidadãos que dominam a matéria. O marketeiro, que um dia - nos livros - participou do planejamento estratégico da empresa, hoje é um zé mané chamado apenas para bater o escanteio e gerir o dinheiro dos anúncios, eventos e web sites que ainda são mantidos porque ninguém teve tempo para desmascarar a conversa fiada de "brand awareness".
Eu até compreendo como o marketeiro entrou nessa enrascada em que se meteu. Todas as tradicionais atividades de marketing, realmente requerem tempo para serem feitas. Nesse meio tempo, dizem os marketeiros, não dá tempo de conversar com outras pessoas; se nos misturarmos com os colegas, teremos dificuldades em concentrar o intelecto para criar as peças que precisam ser premiadas.
O marketeiro profissional é tão arrogante, mas tão arrogante, que lá de cima da sacada da torre de mármore onde concentra o seu quartel general, está me xingando por chamá-lo de marketeiro. Marketeiro não gosta de ser chamado de marketeiro. É como aquele banco que não gosta de ser confundido com um banco porque não pega bem com os clientes.
Corta o papo furado!!! Corta a enrolação! Seja objetivo!
O ano era 1997. Steve Jobs foi chamado de volta a Apple para salvar a empresa da falência eminente. Entre as mudanças que impôs, Jobs exigiu que a empresa trocasse a agência de propaganda. Jon Steel, diretor de uma das agências que concorria à conta da Apple, lembra do dia em que conheceu Steve Jobs, "Eu o meu sócio estávamos há quase duas horas fechados em uma imensa sala de reunião com dois graduados marketeiros da Apple quando Jobs entrou na sala. Ele literalmente nos salvou da enfadonha e maçante apresentação que assistíamos. Os marketeiros tinham nos apresentado toda a história da Apple, a sua política ganha-ganha, fatores chaves de sucesso, o extenso portfólio de produtos, planos de investimentos em mercados promissores blá blá blá. Jobs nos cumprimentou rapidamente e foi logo dizendo sem nem mesmo olhar para os executivos da Apple, "Eu tenho certeza que a conversa que a dupla dinâmica contou para vocês é um lixo. O briefing para vocês é o seguinte: a Apple está praticamente quebrada. Mas eu acredito que se fizermos duas ou três coisas muito bem feitas, vamos sair dessa. Nós últimos dias eu cortei onze projetos de produtos, só sobraram dois: G4 e iMac. Eles são os únicos projetos que representam o que nós queremos que essa empresa seja: eles são tecnologicamente soberbos e visualmente fantásticos. Eu vou apostar o futuro dessa empresa neles." Nós saímos da sala com o briefing de Jobs embaixo do braço. Alguns dias depois, soubemos que os marketeiros que estavam na sala naquele dia foram despedidos pela Apple.”.
O Marketing 1.0, esse que emporcalhou o mundo com sua mensagem burra, repetitiva, vazia e enfadonha não serve mais. Às vezes, eu penso, que alguns marketeiros correm o risco de serem presos por formação de quadrilha (é bom dar um toque para não dizer que ninguém avisou). A quadrilha, formada pelos seus amigos-publicitários-criativosos, cria extensas campanhas baseadas na repetição repetição repetição repetição e mais repetição de um mesmo anúncio porque existe o mito marketeiro forjado em pedra sagrada que diz que: "É necessário publicar dez vezes o mesmo anúncio para que o santo cliente preste atenção à santa publicação." BESTEIRA!!! Nós podemos fazer melhor do que isso!A profissão de marketeiro está em colapso em um momento em que os serviços de marketing são mais necessários do que nunca.
Vamos parar o show, fechar o circo e cortar os palhaços, o Marketing 2.0 tem que entrar em cena AGORA, e certamente não será no palco dos amigos publicitários, mas na rua, nas salas de vendas, debruçado sobre pilhas de fatos, na inteligência de marketing, na internet.
Os principais problemas que o Marketing 2.0 chega para resolver imediatamente são: falta de análise do retorno sobre os investimentos, falta de melhores métricas para medir o trabalho do marketing, a imediata necessidade de transformar o web site da empresa em um gerador de novos "leads" negócios, criação de campanhas de marketing multicanal que alinham revendedores, distribuidores e funcionários através de diferentes formas de comunicação on-line e off-line, automatização de todo o processo de marketing, geração e qualificação de melhores "leads", criação de ferramentas de inteligência de marketing para suporte a vendas, e o aprofundamento considerável do relacionamento com os clientes da empresa.Se você é marketeiro, ainda tem orgulho da sua profissão, ouça as minhas Recomendações 2.0 antes que o próximo Steve Jobs interrompa a sua reunião, interrompa a sua trajetória, imponha suas próprias idéias.
Fonte : administradores.com.br

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