segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pequim será vitrine de novidades

TECNOLOGIA EM CAMPO – Bola de futebol tem gomos soldados, sem costura



Os garotos-propaganda são poderosos: Michael Phelps, dono de seis medalhas na natação em Atenas-2004, e Tyson Gay, campeão mundial dos 100 m e 200 m no atletismo, em 2007. Esses atletas são responsáveis por divulgar marcas esportivas na Olimpíada de Pequim, vitrine mundial de negócios para novas tecnologias. Eles ganham para exibir sapatilhas que pesam 100 gramas, tecidos que facilitam a explosão muscular e bolas de poliuretano. Não há como dissociar tecnologia e marketing nos Jogos.Foi só a temporada iniciar para o mundo conhecer o maiô com tecnologia da agência espacial Nasa. Que atleta não cobiça uma peça, cara (US$ 800), para pouco uso (alarga), mas que pode ajudar no sonho da medalha? O fenômeno americano Michael Phelps, que deseja derrubar o recorde de sete ouros em uma única edição, vai vestir o maiô LZR Racer, da Speedo.MAIÔ NÃO NADA SOZINHO“O maiô não nada sozinho. Seria como pôr o traje e dizer: vai lá, bate o recorde mundial”, diz o ex-nadador Gustavo Borges, dono de três medalhas olímpicas. Mas ele sabe que é impossível ignorar a tecnologia. O próprio Gustavo testemunhou o início dessa história, em 2000, ao testar o fast skin (pele de tubarão) em Sydney.É claro que resultados expressivos dependem do talento aliado à evolução nos métodos de treinamento. Mas também passam pela tecnologia dos materiais. Estudo do Instituto de Investigação Biomédica e Epidemiológica do Esporte, feito na França, afirmou que o maiô pode melhorar em 2% os tempos dos nadadores. Com o traje que faz flutuar, Phelps já derrubou o próprio recorde mundial dos 200 m medley, dia 4 de julho, nas seletivas dos EUA.As duas quebras do recorde mundial do francês Alain Bernard nos 100 m livre foram tão surpreendentes que desencadearam uma busca por explicações. O francês cravou 47s60 nos 100 m livre, na semifinal do Europeu, e baixou a marca para 47s50 na final. O diretor técnico da federação francesa, Claude Fauquet, propôs um debate e uma análise do maiô por um comitê de ética (a seleção francesa veste Arena), observando que o traje poderia ser uma espécie de doping por ajudar na melhoria da performance.Em 2000, a roupa pele de tubarão prometia diminuir o atrito do corpo com a água e fazer o atleta deslizar. Hoje ajuda a flutuar. “As pesquisas foram tirando pontos de turbulência, de resistência, transformando tudo em velocidade”, resume Agnaldo Pescelaro, coordenador do curso de tecnologia têxtil da Faculdade de Tecnologia (Fatec), de Americana (interior de SP).A criação de calçados, roupas e equipamentos são projetos que juntam design industrial, engenharia mecânica e eletrônica, desenvolvimento de produto e biomecânica, pesquisas e materiais avançados.O americano Tyson Gay, campeão mundial dos 100 m e 200 m em Osaka, Japão, no ano passado, usará um macaquinho colado (promete ajudar na postura e na explosão do atleta) que tem na fórmula materiais de alta tecnologia como tiras de uretano termoplástico colocadas em roupa de compressão.Os jogadores de futebol usavam uniformes de algodão até o início da década de 80.
Em 1985, surgiram as fibras sintéticas e os uniformes experimentaram incrível evolução. Hoje, a seleção brasileira masculina de vôlei que defenderá o título de campeã olímpica adota um modelo sem mangas, que deixa os ombros à mostra, feito de fibras sintéticas que praticamente não retém umidade.As sapatilhas douradas de Michael Johnson na Olimpíada de Sydney-2000 pesavam 112 gramas – ele corria 200 m e 400 m, provas curtas, cujos tênis não são tão resistentes. Tênis leves, mas resistentes, exigidos por fundistas e meio-fundistas (que correm distâncias mais longas, de 800 m a 10.000 m) surgiram da combinação de materiais – até fio cirúrgico, que sai com água e elimina cerca de 1,2 grama do calçado, no arremate da costura central foi usado. O tênis foi testado pelo americano Bernard Lagat no Mundial de Osaka, em 2007, e rendeu ouro nos 1.500 m e 5.000 m (o calçado da Nike era branco para que a tecnologia Flywire não fosse detectada pela concorrência).Para a maratona de Pequim (42 km e 195 m), a Nike desenvolveu um tênis que pesa 140 gramas. Os atletas de elite que experimentaram o amortecimento de espuma do calçado informaram que após longas corridas sentiram-se menos cansados.
Outra novidade que pode ajudar em corridas de longa distância, mas que está presente desde Atenas-2004, é o colete projetado para resfriar a temperatura corporal que poderá ser útil no calor e na umidade.A bola oficial do futebol também apresenta sua tecnologia. Tem gomos soldados e não costurados, câmara de látex e é 100% de poliuretano. O fabricante promete que a superfície sem costura gera trajetória mais previsível, melhor toque e menor absorção de água, e a câmara resulta em mais controle no quique da bola.
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